Antes de contextualizar o conceito de individualidade na atualidade, uma diferenciação entre os conceitos
de cultura e sociedade é necessária, porque geralmente cria alguma confusão. A
cultura é traduzida pelo modo de vida de um povo, seu ethos, ao passo que uma
sociedade é o agregado organizado de indivíduos que observam o mesmo modo de
vida. A sociedade é composta de indivíduos que se comportam de tal modo, ou
seja, de acordo com sua cultura.
Os modos adotados de comportamento e crenças várias
são transmitidos pelas gerações e proporcionam à cultura o grau de estabilidade
que permite considerá-la como algo que tem existência própria, que é maior e
está acima de qualquer indivíduo. Contudo, o que se transmite nunca é uma
prescrição de conduta tão rígida e imutável que não permita alguma escolha ao
indivíduo. Em toda cultura há sempre lugar para a escolha, na variação
permitida na conduta de cada um.
Todo homem, como qualquer
outro na história da humanidade, tem suas angústias e indagações acerca da sua
existência no mundo. A neurose, aí traduzida pelas angústias e
indagações, não é unicamente uma conseqüência, mas uma resposta a uma
incerteza, ameaça ou conflito. E essa resposta estabelece um compromisso entre
o eu e o mundo, mas um compromisso do “eu social” e não do “eu individual”, ou
seja, da sociedade e não de cada indivíduo que a compõe.
Os seres humanos vivem por normas, costumes,
tradições, valores e regras, que são o resultado de uma interação entre
processos orgânicos e manipulação, destruição e recomposição de seu ambiente.
Todavia, a cultura de qualquer sociedade abrange elementos que fogem a uma
observação direta, quando sua forma e função não são óbvias, como ideias,
valores, interesses, crenças, paixões etc. Assim, é possível afirmar que o “eu
social” é sempre maior e mais atuante que o “eu individual”; todavia, na hora
do perigo, o indivíduo procura safar-se, mesmo que a sociedade onde vive corra
sérios riscos. De onde vem esse individualismo então?
Essa lógica parece ter-se iniciado entre os séculos
XVI e XVIII, no auge da acumulação capitalista e da ascensão burguesa. É nesse
momento histórico, particularmente europeu, que o indivíduo, como ser separado
da sociedade, surge e se sobressai, porque a acumulação de bens determina novas
ideias, valores, interesses e crenças. Se, culturalmente, o indivíduo sempre
tem oportunidade de escolher, nesse momento ele escolhe a si mesmo, o seu bem e
o de sua prole, e não o bem geral. Daí, os desdobramentos vieram por acréscimo.
Entretanto, o indivíduo não é um, mas muitos,
em função de suas circunstâncias, e não há como destacá-lo da esfera do
coletivo, pois é ela que, de certa forma, o constitui e lhe dá sentido.
Incorporar o individualismo ao modo de ser de uma
sociedade implica que o bem individual vale mais que o bem universal. A
sociedade e a cultura sobreviverão além de qualquer indivíduo, então é melhor
aproveitar agora, pensa o individualista, que não se importa com as
necessidades alheias, porque a indiferença é sua marca.
Os mutirões, a ajuda desinteressada, os voluntários
que socorrem vítimas de uma catástrofe e outros são ações que visam ao bem
maior, alheio, geral. Esses momentos estão se rareando e quando a poeira
assenta tudo volta ao normal.
É por isso que os projetos sociais são
desvalorizados e os governos são tão ruins, que não há algum interesse em se
investir na Educação para valer mesmo, que o ethos tupiniquim não seja crítico.
Mas o brasileiro não larga mais a pecha de ‘bonzinho’, só ajuda os outros
individualmente e quando há reconhecimento imediato daquilo que faz.
Augusto:
ResponderExcluirRealmente você tem razão quando escreve que a indiferença é a marca registrada do individualista.
E enquanto isso permanecer, o que sobressai é o egoísmo.
Sendo assim, seu relato mostra o quanto as pessoas se voltam para os seus próprios interesses e esquecem que é preciso também dar valor ao bem-estar coletivo.
Bjs.:
Sil
http://meusdevaneiosescritos.blogspot.com.br/
Boa noite Augusto, interessante seu texto, você justificou a maneira de ser de algumas pessoas, pessoas essas que pensam no coletivo, e outras não, mas ainda assim me sinto contrariada, e as vezes até triste por ver, e saber que pessoas só pensam em si, é desolador afinal ninguém vive sozinho.
ResponderExcluirObrigada pela visita e pelo carinho meu amigo.
Abraços e uma ótima semana!
Clarice
O individualismo se espalha na sociedade nos tempos atuais, o que vale é a troca de "gentilezas" e os governantes não investem em educação pq sabem que um povo instruído irá cobrar deles seus direitos, não vão se conformar com migalhas. Parabéns por seu excelente texto. Um abraço.
ResponderExcluir=> Gritos da alma
=> Meus contos
=> Só quadras
Bom dia, Augusto!
ResponderExcluirQue texto, Senhor professor!
Olha, Augusto, eu acho que o individualismo está marcando e continuará a marcar a sociedade, em geral, cada vez mais.
Perderam-se os hábitos de ter vizinhos, de pedir emprestada uma cebolinha, uns cheirinhos, etc, e portanto, desumanizámo-nos.
A classe desfavorecida, reclama, mas não tem estatuto social e cultural para ir mais além, portanto, se acomoda ou entra por caminhos menos legais.
Os outros, com cultura superior, poder económico satisfatório, se individualizam, ainda mais.
A PRIVACIDADE ESTÁ NOS AFASTANDO CADA VEZ MAIS, UNS DOS OUTROS.
Perdeu-se a ideia de comunidade.
Em Portugal, isso se nota, sobremaneira. Aí, no Brasil, não sei, porque vocês são "exageradamente" simpáticos e doces, (alguns, falsamente) e portanto, a situação fica um tanto ou quanto escamoteada.
Estamos necessitando de um NOVO HUMANISMO.
Quanto ao comentário que deixaste no meu blogue (estou te tratando por tu, porque somos colegas de profissão, e ao contrário do que muitos brasileiros pensam, nós, Portugueses, não nos tratamos todos por tu. Tratamos algumas pessoas da nossa família, gente bem mais jovem que nós, amigos, ou colegas de escola, e pouco mais) adorei aquela "obrigação" de fazer amor, de que tu falas. CULPA, SÓ DOS DEUSES, EU SEI.
Um professor dizer "Você" a alguém é impensável,aqui, em Portugal, porque essa forma de trtatamento é usada por pessoas de nível cultural muito baixo. O médico, tratamos por Doutor, o Professor, por Professor, o Engenheiro, por Senhor Engenheiro e por aí adiante. INDIVIDUALISMO, será? Penso que não, é uma questão de marcar distâncias, herança que vem de longe, uma questão, SIM, de hierarquia na pirâmide social.
Bem, quanto ao Olimpo, claro que já lá estive e há lá deuses que nos fazem "perder" a cabeça.
Fazer amor é tão "penoso", não é? Esta era uma das questões que me colocaste, lá. Então, não é? Que frete!
"Concordo" contigo. Está na cara, né, como dizem, por aí?
Boa semana.
Beijos da Luz.
Mesmo Diminuindo Meus Paços
ResponderExcluirMesmo Demorando Minha
Chegada Do Outro
Lado Da Ponte.
Não cortarei pedaços
Para Diminuir
O Peso
Que Eu Carrego.
Mesmo Se A Dor Apertar.
Na Minha Fé Deposito
Minhas Esperanças
Em Deus..
Deus abençoe sua semana caminhas de flores e muito amor
Beijos carinhos sempre.
Evanir
Augusto:
ResponderExcluirEm resposta ao seu comentário, no meu blog, sou eu que devo te agradecer pelas suas postagens, que na minha opinião são excelentes.
Em breve, pretendo divulgar seu blog também.
Boa semana.
Bjs.:
Sil
http://meusdevaneiosescritos.blogspot.com.br/
Um texto incrível , aqui vc relata bem o que é individualismos, e disso
ResponderExcluiro Brasil , ou o mundo está cheio, quantas pessoas a gente ve por ai fazendo isso, nem pensa nos outros olham para seus umbigo e pronto
Mas muito bom mesmo.refletir faz bem sobre esse tema
Abraços de bom dia
Rita!!!!
Amigo Augusto, muito bom seu texto, mas as coisas mudarão com certeza, pois o que vai importar daqui pra frente será o bem comum,sem ser exatamente o comunismo que muitos se assustam, as pessoas irão naturalmente pra esse caminho, pois o individualismo já mostrou que não trouxe a verdadeira felicidade.
ResponderExcluirGostei do seu texto esclarecendo o que é o individualismo, assim todos poderão fazer uma boa avaliação disso!
Abraços!
A propriedade privada veio para tirar nossa humanidade, para nos deixar mais e mais individualistas. E entendo quando difere o "eu social" do "eu individual" aliás, aprendi e refleti sobre isto neste instante. Conheço uma denominação cristã, aliás em sua maioria assim são, que ajudam apenas aqueles que pertencem aos seu grupo e por aí vai. A sociedade cobra do indivíduo ser bom, mas a cobrança é amena e ilusória, algo do tipo "ajude uma senhora a atravessar a rua", "dê esmola às crianças de determinada instituição", se o indivíduo cumpriu este papel, pronto, pode sorrir pois fez sua parte. Infelizmente se agrega este individualismo à nossa cultura, vira herança. Obrigado pelo ensinamento de hoje, abraços meu amigo Augusto.
ResponderExcluirOi Augusto,boa noite!
ResponderExcluirPassar por aqui,é sempre garantia de ler um texto consistente.
O individualismo e a indiferença
isolam as pessoas umas das outras.
E a maioria das pessoas,não estão nem um pouco preocupadas em assegurar o bem estar coletivo...é uma constatação triste,mas real.
Nesse 22 de maio (dia do abraço),
sinta-se abraçado \o/
Até :)
Vc sabe do que fala e adorei o texto!Creio que o individualismo surgiu antes até, com a propriedade privada.Mas precisamos nos livrar dele valorizando as atitudes generosas em favor das minorias e nos policiando cada vez mais,refletindo com textos como o seu.Boa semana!
ResponderExcluirOlá Augusto!
ResponderExcluirVenho conhecer seu blog e já fico por aqui, gostei mto!
Individualismo? Somos todos! Há quem fale da boca para fora que não. Mas é do ser humano, infelizmente, contudo se ficarmos atentos, poderemos ser menos individualistas...
Você é 10!
Boa noite!
Te convido a conhecer meus blogs, ficarei mto feliz ;)
É dificil comentar depois de um texto tão bem elaborado, concordo plenamente com sua linha de raciocínio, o ser humano esta cada vez pior....alias acho que nunca estivemos tão frios, egoístas e solitários.
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ResponderExcluirCom certeza a indiferença é a marca registrada do individualista.
E enquanto isso permanecer, o que sobressai é o egoísmo.
Sendo assim, enquanto as pessoas se voltarem para os seus próprios interesses e esquecerem que é preciso também dar valor ao bem-estar coletivo de todos continuaremos com esse individualista.Isso é Triste pois hoje em dia o egoísmo esta falando mais alto.
Ellen Nº11 2ºA
Sim isso é verdade, pois os brasileiros são muito individualistas e indiferentes. Ou seja quando fazem algo para alguém é porque irão se beneficiar de alguma forma ou ser reconhecidos mais nunca fazem ou agem para o bem da sociedade como um todo . E por esse fato , depois eles não sabem porque o país continua do jeito que está ou reclamam de algo , que é por causa dele mesmos
ResponderExcluirWagner 2º A LÉA